quinta-feira, 9 de junho de 2011

A arca de Noé

Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata.


O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata.


E abre-se a porta da Arca
De par em par: surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca


Noé, o inventor da uva
E que, por justo e temente
Jeová, clementemente
Salvou da praga da chuva.


Tão verde se alteia a serra
Pelas planuras vizinhas
Que diz Noé: "Boa terra
Para plantar minhas vinhas!"


E sai levando a família
A ver; enquanto, em bonança
Colorida maravilha
Brilha o arco da aliança.


Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante.


E logo após, no buraco
De uma janela, aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece.


Enquanto, entre as altas vigas
Das janelinhas do sótão
Duas girafas amigas
De fora as cabeças botam.


Grita uma arara, e se escuta
De dentro um miado e um zurro
Late um cachorro em disputa
Com um gato, escouceia um burro.


A Arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Aos pulos da bicharada
Toda querendo sair.


Vai! Não vai! Quem vai primeiro?
As aves, por mais espertas
Saem voando ligeiro
Pelas janelas abertas.


Enquanto, em grande atropelo
Junto à porta de saída
Lutam os bichos de pêlo
Pela terra prometida.


"Os bosques são todos meus!"
Ruge soberbo o leão
"Também sou filho de Deus!"
Um protesta; e o tigre – "Não!"


Afinal, e não sem custo
Em longa fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais.


Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida.


Conduzidos por Noé
Ei-los em terra benquista
Que passam, passam até
Onde a vista não avista.


Na serra o arco-íris se esvai...
E... desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Na terra, e os astros em glória


Enchem o céu de seus caprichos
É doce ouvir na calada
A fala mansa dos bichos
Na terra repovoada.

Atividades.....

1- O que fazer para a foca ficar feliz?
2- Quantas estrofes tem o poeminha?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A Foca



A FOCA
(
Vinicius de Moraes) Quer ver a foca
Ficar feliz?
É por uma bola
No seu nariz.

Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha.

Quer ver a foca
Fazer uma briga?
É espetar ela
Bem na barriga!

Ou isto ou aquilo



OU ISTO OU AQUILO
(Cecília Meireles)
.
Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

A Lagartixa



A LAGARTIXA
(Da Costa e Silva)
.
A um só tempo indolente e inquieta, a lagartixa,
Uma réstia de sol buscando a que se aqueça,
À carícia da luz toda estremece e espicha
O pescoço, empinando a indecisa cabeça.
.
Ei-la aquecendo ao sol; mas de repente a bicha
Desatina a correr, sem que a rumo obedeça,
Rápida num rumor de folha que cochicha
Ao vento, pelo chão, numa floresta espessa.
.
Traça uma reta, e pára; e a cabeça abalando,
Olha aqui, olha ali; corre de novo em frente
E outra vez, pára, a erguer a cabeça, espreitando…
.
Mal um inseto vê, detém-se de repente,
Traiçoeira e sutil, os insetos caçando,
A bater, satisfeita, a papada pendente…
.